sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

FERNANDO PESSOA Aluna escreve a Pessoa


Que Fernando, Pessoa?
Quem lhe contasse, Fernando, que em pleno século XXI haveria jovens estudantes a escrever nos seus computadores (sim, Álvaro, computadores!) o que ainda ecoa das suas palavras; ou que pessoas dedicariam as suas vidas a reorganizar e tentar compreender o valiosíssimo caos que nos deixou… Ou que esse seu apelido, que lhe fica tão singular, viesse a ser o tema desta e de inúmeras outras vénias em formato de texto, que Portugal lhe atribui sempre que encontra oportunidade.
Escolher entre tudo o que nos deixou, passa um pouco por procurarmos em si a nossa Pessoa – sem escolher nomes, filosofias integrais, ou não escolher nada, mas escolhendo-nos a nós com a sua voz. Faço assim meus os seus desassossegos existenciais, Bernardo. E toda a sua nostalgia e saudosismo, Álvaro, também me pertencem. E que seria de nós, Ricardo, sem a nossa ideologia horaciana?
Agora que somos mais próximos, Fernando, se me permites… Não há leitor teu que não se encontre em ti, graças à habilidade que tiveste em tornar coerente a tua incoerência. Afinal de contas, não há pessoa que a não tenha. E, por isso, queria agradecer-te a vez em que puseste a mão do Bernardo no meu ombro, para que ele me explicasse que a inteligência abstrata sofre “o mais horroroso dos cansaços”; também a vez, Álvaro, em que me sujaste a pele com as manchas escuras de óleo da tua poesia febril; e Ricardo, não fossem os teus versos coloquiais dar-me tantas bofetadas quantas te peço.
Desejo-te a ti, Fernando, e a nós, Portugal, que o sismo da(s) tua(s) existência(s) nunca deixe de se replicar.

Mª Margarida Madeira, 12º E
(Imagem de F. Pessoa: revistabula.com)

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